Conseguiram imaginar e improvisar uma cena com dois personagens do livro "Os Vizinhos" de Einat Tsarfati?
Agora é hora de transcrever o texto improvisado e começar a transformá-lo em um texto teatral. Lembre-se das marcações do texto desse gênero:
- O texto não deve ter narrações, exceto se existir uma personagem narradora;
- As informações devem estar nas falas e ações das personagens;
- As falas vem antecedidas pelo nome da personagem;
- As ações podem vir descritas nas rubricas, entre parênteses e itálico.
Voltem aos posts anteriores se precisarem lembrar e ver alguns exemplos.
A ideia de hoje é manter o foco nos diálogos. Depois de transcrita a cena, é importante revisá-la. A improvisação às vezes é excessivamente repetitiva e traz informações desnecessárias, precisamos limpar o texto deixando o essencial para que a cena comunique. Por outro lado, é preciso perceber se todas as informações estão presentes na cena, sem considerar o conhecimento prévio do espectador.
Lembre-se de dizer o texto em voz alta diversas vezes enquanto escreve, pois é importante que o texto "caiba na boca" das personagens; é importante que traga marcas da linguagem falada, que é diferente da escrita.
Outro desafio que pode deixar o texto ainda mais interessante é diferenciar as personagens através de suas falas, incluindo uma marca especial para cada uma delas.
Veja nesse exemplo abaixo a fala do PREFEITO, retirada do texto "Tribobó City", de Maria Clara Machado:
PREFEITO: Finalmente conseguimos! Povo da minha terra. Quero fazer hoje, aqui, neste local hospitaleiro, centro da vida social de Tribobó, a maior comunicação de todos os tempos quentes desta cidade. (Todos começam a voltar desanimados aos seus lugares). Não tronem a desanimar, povo da minha terra! Desta vez é verdade mesmo. O trem vem parar em Tribobó City! (todos se animam e dançam)
Percebam que a fala do prefeito tem marcas específicas de falas do políticos: "Povo da minha terra" é uma expressão repetida diversas vezes por ele. A forma com que o texto está escrito já nos traz o ritmo do discurso.
Algumas vezes, a marca da personagem é bem clara, como nesse caso, outras é mais discreta e está mais relacionada à forma com a qual o ator vai dizer o texto do que com a maneira que ele está escrito.
É possível reconhecer isso nos personagens que vocês criaram? Tentem imaginar formas de inserir isso no texto ou nas falas ou nas rubricas.
Por hoje, deixaremos o texto descansar, e no próximo post cuidaremos das demais descrições.
Me mandem as primeiras tentativas para que eu possa ver o trabalho, as dúvidas, dificuldades, dar dicas e ideias.
Agora que já lemos algumas cenas escritas por dramaturgos podemos pensar em escrever uma cena criada por nós. Que tal?
Como estímulo inicial, partiremos desse livro chamado Os Vizinhos, escrito e ilustrado por Einat Tsarfati, traduzido do hebraico por George Schleisinger e publicado pela editora Pequena Zahar, 2019.
No vídeo abaixo, faço uma leitura do livro e uma propostas de criação de cena.
No contexto atual, resguardados em nossas casas e apartamentos, podemos observar janelas e pensar em nossos vizinhos, como será a vida deles? Temos alguns indícios através de suas portas? E se eles tivessem vidas fantásticas? Foi isso que a autora imaginou e é isso que imaginaremos para a criação de nossas cenas.
Parte 1 -
Depois da leitura, escolha um dos apartamentos do livro, escolha um ou dois personagens desses apartamentos e imagine suas vidas. Faça perguntas para você mesmo sobre o que eles comem, o que gostam, sobre o que conversam, do que têm medo, pelo o que brigam etc...
Parte 2 - Improvisando o diálogo.
Imagine um diálogo entre as duas personagens escolhidas. Se você tiver companhia na sua casa, pode pedir ajuda para improvisar uma conversa entre eles. Senão, pode fazer essa improvisação com algum amigo, através de um telefonema, ou outra plataforma virtual.
Se for mais fácil para você fazer o exercício sozinho, imagine-se nessa situação e tente inventar esse diálogo.
Parte 3 - escrever a cena.
Tente agora registrar essa cena que você imaginou. Lembre-se quem disse o que, quais as ações que foram feitas, o cenário etc...
No próximo post tornaremos esse registro um texto para uma cena!
Compartilhem comigo para eu saber como foi e para trocarmos com os colegas.
Como foi a experiência de ler e dizer um texto de Shakespeare?
Recebi um vídeo muito legal de dois irmãos fazendo essa cena e foi lindo perceber como a palavra do texto ganhou vida e transformou a forma de atuar dos dois alunos atores.
Eles registraram em vídeo, e o vídeo oferece alguns recursos diferentes do teatro, por exemplo, eles editaram a filmagem. Romeu e Julieta estavam em lugares diferentes e depois se encontram.
Um grande desafio do teatro é que temos que colocar no palco diversos espaços imaginários. Para simplificar isso, muitos textos de dramaturgia tentam criar as cenas adaptando-as para um mesmo espaço e isso é algo importante para pensarmos.
Vejamos como isso funciona na peça "Pluft, o fantasminha", da dramaturga brasileira Maria Clara Machado.
Muito conhecida por criar peças e textos de teatro infantil, Maria Clara nasceu em 1921 e morreu em 2001. Foi fundadora de uma tradicional escola de teatro do Rio de Janeiro, O Tablado.
Entre suas obras estão: "A bruxinha que era boa", "O rapto das cebolinhas", "Tribobó City".
Nesse link abaixo, você encontra o texto da peça "Pluft, o fantasminha".
Nesta peça, a menina Maribel está em um navio assombrado, atrás do tesouro de seu avô, quando encontra Pluft, um fantasminha que tem medo de gente.
A peça toda se passa no mesmo espaço do navio, as coisas que acontecem fora daquele espaço são contadas pelos personagens.
No link abaixo, tem a gravação de uma montagem do próprio Tablado em 2013. Nesse vídeo, podemos ver o cenário usado por esse grupo e as soluções cênicas que eles usaram. Muito interessante ver a montagem e o texto ao mesmo tempo. Assim, percebemos como as palavras ganham vida através das ações. Uma frase as vezes simples, que parece confusa, ganha sentido quando os atores jogam com os objetos, com eles mesmos e com a plateia.
Me contem como foi ler e assistir essa peça. Vocês já a conheciam? Conseguiram perceber a questão espacial? O que mais perceberam?
A partir disso, será que já conseguimos construir as nossas próprias cenas e nossos próprios textos?
dando continuidade à nossa exploração a cerca do texto teatral, hoje separei um trechinho de uma cena clássica de Willian Shakespeare.
Shakespeare é um dos dramaturgos mais conhecidos de todos os tempos. Ele viveu no final do século XVI e produziu muitas obras conhecidas até hoje: "Romeu e Julieta", "Sonhos de uma noite de verão", "Hamlet" e tantas outras.
Suas peças eram muito famosas na época e conseguiam agradar o povo das diversas classes sociais, misturando temas e linguagens mais requintadas e mais populares numa mesma obra.
Até hoje, algumas "fórmulas" dele ainda são usadas nas criações de filmes, séries, telenovelas. Quantas e quantas vezes vimos o amor proibido de Romeu e Julieta relidos e transformados em diversos contextos?
Vocês conhecem Romeu e Julieta?
Essa tragédia, escrita por Shakespeare entre 1591 e 1595, retrata dois jovens de famílias inimigas, Romeu e Julieta, que se apaixonam. Escondidos dos demais, eles se casam escondido, mas uma série de acontecimentos levam Romeu a deixar Verona. Enquanto isso, os pais de Julieta arranjam o casamento dela com um primo, para escapar do casamento, ela cria um plano, no qual finge estar morta. Envia uma mensagem a Romeu contando o plano, porém a mensagem não chega.
Shakespeare escreve essa peça em verso e em prosa, o que a torna difícil de ser dita por nós nos dias de hoje.
Esse é um grande desafio!!
Vamos ler a cena e tentar dizer esse texto?
Aqui está uma adaptação da conhecida cena do balcão. Romeu Montecchio acaba de conhecer Julieta Capuleto em um baile de máscaras. Sem saber que eram de famílias inimigas, os dois se conhecem e se apaixonam. Romeu está embaixo da varanda do quarto de Julieta, quando a vê:
ROMEU e JULIETA
(uma peça de William Shakespeare)
ATO II
CENA II
Romeu passeia pelo pomar dos Capuleto. Vê Julieta na janela e a contempla, sem que ela ouça.
ROMEU: Que luz brilha na moldura daquela janela? A janela é o oriente e Julieta é o sol. Surge, ó sol, e mata a lua de inveja, porque tu és mais bela que ela.
JULIETA (falando sozinha): Ai de mim, ai de mim!
ROMEU (falando sozinho): É ela! Está falando! Fala de novo, anjo resplandecente!
JULIETA (ainda sozinha): Romeu, Romeu! Por que tens que ser Romeu? Oh, renega teu pai e abandona esse nome! Ou, diga que me ama e eu deixarei de ser Julieta Capuleto e vou viver contigo.
ROMEU (À Parte) Devo continuar a ouvir escondido ou devo responder?
JULIETA: Só o seu nome Montecchio é meu inimigo! Mas o que é um nome? Se a rosa tivesse outro nome deixaria de ser perfumosa? Deixa seu nome Romeu e em troca dele fica comigo, que já sou tua!
ROMEU (saindo da sombra e deixando-se ver): Farei teu desejo de bom grado! Por ti, deixarei de ser Romeu e me chamarei Amor.
(Adaptação feita pela Prof Isis para as aulas de teatro virtuais durante a quarentena)
Agora que você já leu o texto algumas vezes e compreendeu a situação, vamos tentar fazer uma leitura dramática dele?
Escolha uma das personagens, marque as falas dessa personagem e convide alguém aí da sua casa para ler as outras falas para você.
Você também pode ligar para algum colega que tope fazer esse jogo por vídeo chamada.
Se você quiser ser ainda mais independente, no post que vem vamos fazer um diálogo da gente com a gente mesmo por vídeo! Que desafio!!
Manda pra mim suas impressões e estudos e a gente vai continuando!!
Beijos
Isis
Ps: Veja a versão em versos traduzida do original de Shakespeare. Percebe a diferença? Será que você consegue falar um texto em verso?
Enquanto nos preparamos para o encontro "Ao vivo" (veja os dias no post anterior), continuaremos nosso trabalho com texto, agora falando de textos teatrais ou dramáticos.
O texto dramático é um gênero literário e por isso tem suas características específicas.
Vamos falar um pouco sobre elas?
Drama significa ação, logo o texto dramático pressupõe a ação, ou seja, é um texto para ser encenado. Ele não tem uma preocupação narrativa, suas marcações são feitas para explicar melhor a encenação e ele faz mais sentido quando encenado.
Existem alguns modelos de textos dramáticos, mas de modo geral, eles tem o seguinte formato:
Título, autor, lista de personagens.
Um livro se divide em capítulos, uma peça de teatro se divide em atos e cenas. Um ato é um conjunto de cenas.
Outra marcação muito característica da peça de teatro é a descrição do cenário. Veja abaixo outro exemplo:
E o principal: as falas; diferente dos textos narrativos, no qual as falas são marcadas por travessões, e são anunciadas, no texto teatral o diálogo acontece diretamente, precedido pelo nome da personagem que fala.
Reparem que nesse último texto é possível ver algumas frases entre parênteses, na maior parte das vezes em itálico. Essas são as rubricas. Elas não são para serem faladas e direcionam ações ou intenções das personagens.
Você já leu algum texto de teatro? Está familiarizado com isso? Tem pessoas que adoram ler textos dramáticos, outras não gostam de ler, mas gostam de encenar. Outras pessoas preferem escrever esses textos.
A pessoa que escreve textos dramáticos é chamada de dramaturgo.
Você conhece algum dramaturgo?
No próximo post faremos um jogo tentando ler e representar um texto dramático.
Algumas pessoas sugeriram que fizéssemos um encontro "ao vivo".
Acho que pode ser uma ótima oportunidade de nos vermos, matarmos um pouco da saudade. Pensei em alguns jogos que podemos fazer virtualmente, mas preciso de vocês para me ajudarem a divulgar para quem tiver interesse.
Os encontros serão pela plataforma Zoom nas seguintes datas:
Quinta-feira: 04/06 - 14h30 - 15h30 - Ensino Médio
Terça-feira: 09/06 - 14h30 - 15h30 - Fundamental II
Sexta-feira 12/02 -14h30 - Ensino Fundamental I
